sábado, 19 de dezembro de 2015

O Topo da Montanha com Lázaro Ramos e Taís Araújo




   Para quem me conhece fora das redes sociais, ou quem me acompanha além do blog, sabe o quanto eu amo teatro e até participo do grupo da Cultura Inglesa de Higienópolis (Aê, Time!!). Mas confesso, apesar de estar pelo menos duas vezes ao ano no palco, fazia muito não ficava na plateia. Falta de tempo, falta de procurar, pois falta de espetáculo não posso nem ousar dizer, o fato é; eu estava precisando estar do outro lado urgentemente. Como fico muito na internet, pesquisando a coisas pro blog na maioria das vezes, acabei descobrindo por acaso O Topo da Montanha e jurei para mim que iria, mas faltava o que agora? Isso mesmo, companhia. Por mais que eu adore ficar sozinha, existem certas coisas que eu só consigo fazer com companhia, pois bem. Deixei passando até receber uma mensagem da minha amigatriz Mandy perguntando se eu não queria assistir uma peça com ela na Faap, lugar onde está sendo apresentado O Topo da Montanha, mas na hora nem me atentei para isso e aceitei. Foi quando ela me falou o nome da peça que entrei em estado de felicidade pura. A Mandy estuda na Faap e tinha direito a um par de ingressos para peça. Combinamos de nos encontrar mais cedo para poder comer algo, jogar papo fora (quem não gosta?) e assistir a peça. Nos encontramos 20h e as 21h20 já estávamos com os ingressos nas mãos. Encontramos nossos lugares e ouvimos os três sinais, aqueles três sinais que, quem já esteve pelo menos uma vez nos palcos sabe o quanto dá um frio na barriga e engraçado, eu ouvi os três sinais e parecia que eu entraria em cena. E pasmem, entrei. Não em corpo, mas em espírito. Parece baboseira, né? Mas se você assistir ou se já assistiu O Topo da Montanha vai entender do que estou falando. Sem mais delongas, deixo aqui minha impresssão sobre esse espetáculo. Antes digo: Valeu por todo o tempo em que fiquei sem estar na plateia.





Um homem lendário. Um quarto de hotel. Uma camareira. Suas últimas horas de vida. 





O topo da Montanha peça que remonta a última noite de Martin Luther King Jr. em companhia de uma camareira que está em seu primeiro dia de emprego no Lorraine Motel, não surpreende apenas pela maestria com que Lázaro Ramos e Taís Araújo (mulher maravilhosa) dão vida a personagens tão distintos e ao mesmo tempo com tantas semelhanças. A peça já começa com o Reverendo King em seu quarto, pedindo que seu melhor amigo (e braço direito) Ralf compre para ele cigarros. Ralf demora a chegar, Martin começa a trabalhar em mais um discurso quando resolve pedir um café ao serviço de quarto e é quando aparece Taís Araújo que o espetáculo se forma. 
Difícil, complicadíssimo, quase impossível não se encantar por Camae. Uma mulher negra, pobre e que, apesar dos apesares, tem um bom humor invejável. Engana-se quem pensa ser Lázaro o protagonista da peça, discordo, a estrela de O topo da Montanha tem nome e sobrenome: Taís Araújo. Ela tem o dom de, em quase duas horas de peça, te fazer gargalhar e se emocionar. Eu mesma quase chorei. Digo quase, pois não quero admitir aqui que chorei em público.  
O topo da montanha te prende do início ao fim. Te deixa aflito, te faz pensar e repensar, te faz mais humano. Nada me surpreende que palavras ditas por um ativista das décadas de 60/70, ainda caibam tão bem na nossa sociedade dita como evoluída. O topo da montanha põe em jogo, o modo com que nós sociedade e cidadãos, tratamos o negro, o pobre, o menos favorecido. 


"Como podemos querer ir para a lua se não pensamos em nossas crianças que passam fome?" Indaga Lázaro em uma de suas falas. "Devemos amar nossos irmãos brancos, diz Taís, devemos tratá-los bem, alimentá-los, mas fica difícil fazer isso quando esses mesmos irmãos nos levantam os punhos fechados e batem em nossas caras [...]". A gente sente a dor em cada palavra proferida sobre a discriminação e as desigualdades. Mas também sentimos esperança e a força, não só de King, mas de todos que lutam por algo, que lutam para ter algo.  
O topo da montanha, na minha opinião, não são apenas duas horas de diversão, mas um aprendizado maior, para pensar no outro e para entender a real importância que temos no mundo. E que mundo! Só Ela, sim Ela, sabe o que nos reserva e quando é chegada a hora nem mesmo o mais destemido dos seres humanos pode escapar. O topo da montanha te coloca no lugar do outro e no seu lugar. E você não pode, não mesmo, deixar de assistir uma lição tão bem dada como essa que Lázaro e Taís nos dão.  
Esse é o último fim de semana da peça, porém Taís deu spoiler e eles voltam dia 15 janeiro no mesmo local; Teatro Faap de São Paulo. 
 Ao sair da peça recebi algo que tenho que passar a diante. Estou passando meu bastão para vocês. Assistam o topo da montanha. Vocês irão se surpreender.  


Para finaliza, deixo aqui uma das frases que mais me marcou da peça: 
"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." -Martin Luther King Jr.

Os horários da peça são diferentes nos três dias. Sexta-feira: 21h30. Sábado: 21h e Domingo 18h.

*Todas as fotos anexadas no post foram retiradas das redes sociais da peça. Vocês podem os acompanhar pelo
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